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01 SET 2009
HYUBRIS: DESAFIO AOS DEUSES
Por SÓNIA PACHECO

 

Magia nos temas, irreverência em palco, fusão de sonoridades. Falamos dos Hyubris, a banda oriunda do Tramagal que este ano editou o seu segundo álbum intitulado “Forja”. E o terceiro “já está debaixo de olho”. O desafi o continua…

 

Evocam a mitologia, falam de fadas, de duendes, de florestas encantadas e de outros conceitos abstractos que nos fazem pensar. Imaginam um mundo muito próprio e juntos compõem temas. Em palco, a voz da vocalista descalça, aliada a uma fusão de sonoridades, dita um espectáculo mágico, ousado ou mesmo irreverente, onde surgem personagens num cenário envolvido em misticismo. São os Hyubris, a banda oriunda do Tramagal que este ano editou o seu segundo álbum: “Forja”.
Filipa Mota (voz e flautas), Jorge Cardoso (guitarras), Panda (baixo e guitarra portuguesa), João David (teclado), Lulla (bateria), Paulo Jerónimo (gaita-de-foles) e André (acordeão) compõem a banda que, desde festas e arrais populares até festivais temáticos, já correu o país de norte a sul, participou em alguns programas televisivos e o seu palmarés conta com alguns troféus.
Dando sempre “pequenos passos com companheirismo, amizade, vontade de fazer coisas e muito trabalho”, os Hyubris afirmam que a maior gratificação é chegar a qualquer sítio e ouvir as pessoas a cantar os seus temas. “É isso que nos move. Fazemos alguns sacrifícios, já que todos temos um emprego, mas o gozo que nos dá, a mística que se criou à volta da banda, e mesmo entre os membros, faz com que haja sempre um espírito empenhado”, conta Jorge Cardoso.
Os primeiros passos da banda que hoje conhecemos foram dados, em 1998, quando um grupo de amigos, que partilhavam os mesmos gostos musicais, formou os Lupakajojo. Lulla, Panda, Kaiser, Jorge e João exploravam sonoridades heavy-metal e chegaram a editar um EP. “Time for a Change” era composto por sete temas.
O que começou por ser uma aventura tonava-se cada vez mais sério. “Chegámos ao ponto em que as coisas se esgotaram e, também no seguimento da sonoridade que íamos tendo, fazia sentido pôr uma voz feminina juntamente com a voz masculina. Mas acabámos por optar apenas pela voz feminina”, explica Jorge Cardoso. “A Filipa entrou e mostrou um outro lado da banda”. A composição de temas “tornou-se mais versátil, mais melódica, mais harmónica. Era possível fazer outro tipo de arranjo e começámos a compor de forma mais cuidada”. Já não era o fazer por fazer, o ir ao sábado à tarde ensaiar. Estávamos em 2001, quando os Lupakajojo deram lugar aos Hyubris.
Já em 2002, a banda fez-se à estrada. Participou na Festa do Avante, no Festival “Brenha’rder” na Figueira da Foz, nas Festas de S. Mateus em Soure, no 8.º Concurso de Bandas de Palmela e conquistou o primeiro lugar do Festival de Bandas de Garagem de Bemposta (Abrantes) e da 3.ª Mostra de Música Moderna, em Paleão.
O heavy-metal, “com uns rasgos, às vezes com sonoridades mais exóticas”, evoluiu para “um equilíbrio entre o rock mais pesado dos Lupakajojo e a parte mais soft. Não sabíamos se o que estávamos a fazer tinha algum sentido, até porque este tipo de fusão não é muito habitual”, confessa Jorge Cardoso. “Mas fez sentido”, afirma Lulla. “Tocar com bandas extremamente pesadas, ao princípio, é assustador, mas foi gratificante. Ficámos surpresos e decidimos tornar isto ainda mais sério”. O ano de 2002, ainda não tinha chegado ao fim e já estava lançado o primeiro trabalho, “Desafio”, uma demo-CD com quatro temas.
Em 2003, os Hyubris foram a banda revelação da 1.ª Gala Antena Livre - Cidade de Abrantes e dois anos depois foram distinguidos com um galardão na 5.ª Gala da Cultura e Desporto da Freguesia do Tramagal.
Ainda em 2005, foi editado o primeiro álbum intitulado “Hyubris”. “Com o álbum percebemos realmente a dimensão que poderíamos tomar. Havia pessoas que não gostavam do género mais pesado, mas havia a outra vertente mais lírica, mais folk, mais soft e começámos a ver nos espectáculos pessoas dos 8 aos 80”, sublinha Jorge Cardoso que afirma que a fusão de várias sonoridades dá à banda o privilégio de poder tocar em diversos sítios e para diferentes públicos.
O novo álbum já está à venda na FNAC e os espectáculos de apresentação já começaram. Gravado nos estúdios IN/OUT e, desta vez, masterizado na Finlândia, “Forja”, à semelhança do primeiro trabalho, é uma produção da própria banda. O grafismo é da autoria de Kaiser, o vocalista dos Lupakajojo, que continua assim na equipa, dando também vida ao “ferreiro”, a nova personagem dos espectáculos dos Hyubris.
A imagem faz parte do espectáculo e um espectáculo não é só música. Para além de um jogo de luzes, as personagens vão surgindo. Depois do “monstro”, é a vez do “ferreiro” subir ao palco com uma bigorna, martelos e outros objectos. Procura-se um cenário alusivo ao próprio título do álbum. Mas o nome “Forja” vai mais além, envolve também o Tramagal. “Tramagal tem uma identidade própria, um passado industrial e social. Temos orgulho na nossa terra e achar que a terra tem valor faz-nos não só dizer que somos do Tramagal, mas também nos faz representar a terra”, declara Jorge Cardoso. Por outro lado, “Tramagal sempre teve uma comunidade artística, onde nasceram projectos interessantes, o potencial está cá e as pessoas saem à rua para ver espectáculos”.
Lulla afirma mesmo que “é sempre especial fazer um espectáculo” nesta vila. No entanto, “foi com um nó na garganta” que pisaram o palco do Hard Club, em Vila Nova de Gaia. A “mítica sala” onde todos desejavam ver concertos. Para Jorge Cardoso “conseguir pisar o palco, andar pelo backstage, fazer ali a apresentação do álbum “Hyubris”, com casa cheia, marcou-nos e deu-nos força para continuar”.
Três anos passaram e o terceiro álbum “já está debaixo de olho”, revela Jorge Cardoso, adiantando a hipótese de, futuramente, serem introduzidas novas sonoridades a esta banda que faz jus ao próprio nome. Hyubris é um termo que provém do grego “Hybris” que significa “Desafio aos Deuses” e, de facto, “é o que tem sido para nós, um desafio”, afirmam.

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