Quando Manuel Fernandes Vicente questiona, nesta edição, “De quem será o futuro dos fenómenos?”, no caso do Entroncamento, a terra dos fenómenos, recua até um tempo cinzento e salazarento em que a popularucha expressão “tudo o que sabe bem ou faz mal ou é pecado”, era lei.
Felizmente é ido, mas deixou sucedâneos. A uniformização dos espaços, dos gostos, das cidades retira identidade, criando a hegemonia de quem, ou do que, domina.
Sou jornalista há mais de 30 anos, melhor dizendo se me descuido há quase 40, neste período nunca assisti a uma informação tão má, sabendo que a generalização é sempre injusta. Claro que há bons jornalistas, e maus como em qualquer grupo profissional, mas os bons seriam bem melhores se, de uma forma ou de outra, não fossem directa, ou indirectamente, coagidos a escreverem ou dizerem o que é mais conveniente para o jornal, para a estação radiofónica ou televisiva.
Por outro lado, é preciso estar em cima do acontecimento, as audiências (leia-se angariação de publicidade) assim o exigem e entre um programa de entretenimento, daqueles que levantam questões, ou um noticioso pouca diferença existe e muitas vezes a qualidade recai nos primeiros.
Não sou, nem quero, ser exemplo para ninguém, mas estou cansada de notícias que os factos desmentem nas horas seguintes.
“Factos” que não chegam a sê-lo, mas que num país em que se usa e abusa do pouco sentido crítico dos ouvintes ou leitores fazem com que se fale, se oiça e se discuta porque o jornal ou a estação x ou y divulgou.
“De quem será o futuro dos fenómenos?” espero que o Entroncamento não se esqueça deles, nem os menospreze. Quanto aos outros espero que as vozes se levantem porque o rei vai mesmo nu..