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01 FEV 2018
Números preocupantes
Por Jornal Abarca

Infelizmente e contrariamente ao que seria desejável, a violência no futebol continua a ser um tema que, não sendo novo, tem a agravante de vir a ganhar terreno. Todos os fins-de-semana vai sendo dado eco de vários episódios de agressões, envolvendo jogadores, árbitros, treinadores, dirigentes ou até mesmo público. Como referi, daí nada resulta que não seja de domínio público. O grave de todo este fenómeno é o facto da violência em jogos das camadas jovens, ou seja, na base da pirâmide do futebol português, estar a aumentar de forma exponencial, situação que deve merecer uma reflexão profunda de todos quantos têm responsabilidade nesta matéria, sejam elas entidades governamentais, desportivas e até mesmo policiais, de modo a serem encontrados mecanismos que obstem a que tal aconteça. Se não na totalidade, pelo menos que, a acontecerem, sejam em números residuais, os quais, apesar de tudo, devem merecer sempre especial atenção, de forma, a que o fenómeno da violência seja erradicado de vez. Esse seria o cenário ideal.

Contudo e deixando-nos de romantismos, a realidade mostra-nos que, apesar das várias acções de sensibilização que têm vindo a ser concretizadas, promovidas pelo Governo, através dos responsáveis pela pasta do Desporto, como é o caso do Plano Nacional da Ética Desportiva ou até mesmo pela Federação Portuguesa de Futebol e demais associações de futebol distritais e regionais, o que é facto é que a mensagem que se pretende passar ainda não chega de forma perceptível a todos os destinatários, se é que me entendem. Não creio que o problema esteja nos emissores da mesma. Está certamente nos seus receptores. Pelo menos em alguns.

E focando-nos apenas, que já não é pouco, naquilo que de mau vai acontecendo nos jogos dos escalões de formação, particularmente nos escalões mais baixos, e aqui refiro-me com particular ênfase aos benjamins e infantis, é de todo inconcebível continuarmos a assistir impávidos e serenos, essa é pelo menos a postura que alguns evidenciam, a comportamentos altamente reprováveis, repugnantes e instigadores de violência por parte de quem deveriam ser os primeiros a dar o exemplo, ou seja, os pais. Por muito que isto choque, esta é a realidade nua e crua, que não vale a pena escamotear. Eu próprio já fui testemunha disso mesmo. São os pais os principais responsáveis por um sem número de casos geradores de violência nos campos de futebol. Ponto final, parágrafo.

Para justificar este paradigma, há já quem fale numa lógica sistémica. Quantas vezes não assistimos já a um pai a incitar para dentro do campo o seu filho a partir a perna ao adversário, a invectivar o árbitro, etc, etc? Muitas, certamente. Perante tais atitudes, como podem as crianças, jovens jogadores, adoptar comportamentos irrepreensíveis, quando são aqueles que lhes servem de modelo a protagonizarem precisamente o contrário. Logo, se o pai faz, eu também posso fazer. Se o pai diz, eu também posso dizer. É este é sistema. E claro que se o pai bate, eu também posso bater. Verdade de La Palice. A que se seguirá a incontornável aplicação da Lei de Murphy. Tudo irá correr mal.

Obviamente, todos aqueles que estamos no futebol de forma séria e responsável, jamais nos poderemos rever, seja em que medida for, num qualquer fenómeno de violência. É o mínimo que se exige. Porém, o caminho a percorrer para alcançar os objectivos pretendidos ainda é longo e nunca poderá ser feito de forma isolada. Só com uma conjugação de factores e partilha de vontades comuns será possível reverter o problema existente, sob pena, se tal não se verificar, de assistirmos à degradação completa, não só de valores, mas da própria sociedade.

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