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01 MAR 2018
Culturas desportivas
Por Jornal Abarca

A atmosfera doentia, crispada e sei lá mais o quê de mau em que gravita o nosso futebol leva-nos por vezes a deixar no esquecimento pequenos gestos, atitudes ou comportamentos que, por mais insignificantes que sejam, merecem ser relevados e que deixam em evidência as diferentes formas de cultura desportiva, seja intramuros ou além-fronteiras.

Ao longo dos muitos anos que já levo de estreita ligação com o fenómeno, independentemente da condição, seja no futebol amador ou no futebol profissional, esta última com redobrada importância na última década, tem-me dado o privilégio de contactar com realidades e vivências raramente ao alcance do adepto comum. Com o benefício daí decorrente de granjear a amizade de muitos que se vão tornando figuras de primeiro plano nos vários campeonatos espalhados por essa Europa fora. Sim, porque no futebol também podemos fazer amigos. Dos verdadeiros. Que merecem uma confiança ilimitada. E em que existe reciprocidade. E quando assistimos a esses mesmos amigos a serem protagonistas de episódios que a todos orgulham, em particular a nós portugueses, ávidos de motivos de soberba pela positiva – felizmente a família do futebol tem contribuído decisivamente com a conquista de vários títulos de enorme dimensão internacional – mais radiantes ficamos. Falo por mim. Porque tenho prazer em assistir ao sucesso dos meus amigos. Não os invejo. Antes pelo contrário. Sinto-me afortunado. Outros não pensarão assim. Os pequeninos. De pensamento. Mas sobretudo de carácter.

A paixão pelo futebol é transversal a todos os povos. Para uns de uma maneira, para outros de outra. Para uns com mais, para outros com menos. Mas sempre com paixão. Às vezes exacerbada, ultrapassando todos os limites estabelecidos. Direi mesmo que o futebol acaba por ser um modo de vida. Não no sentido literal da palavra para a maioria, mas na forma como é sentido por todos quantos por ele são apaixonados. Como eu. E muitos mais. Mesmo muitos.

E em Inglaterra? Na pátria-mãe do futebol? Tudo igual, mas tudo, tudo, tão diferente. Confesso que já cumpri um dos sonhos que acalentava e que passava por assistir ao vivo a um jogo em Inglaterra. Espero voltar. Porque deixa saudades. A quem gosta verdadeiramente de futebol. Que diferença! Que respeito! Que educação! Que emoção! Que… tudo.

Ah, já me passava. Muito recentemente, em jogo a contar para a Taça de Inglaterra, o português Carlos Carvalhal regressou a Hillsborough Park para defrontar o Sheffield Wednesday, seu anterior clube. Tratou-se de um regresso a uma casa que já foi a sua, bem como dos restantes portugueses que integram a sua equipa técnica.

A recepção não podia ter sido mais ultrajante. Vaias, insultos, ameaças, tentativas de agressão e muitos, muitos impropérios.

Negativo estimados eleitores. Qualquer semelhança entre este último parágrafo e a realidade é pura ficção. Carlos Carvalhal não foi esquecido pelo seu anterior clube e em particular pelos seus adeptos, que o receberam com aplausos e manifestações de gratidão, num tributo ao treinador nacional que jamais esquecerá. Como todos nós. Que gostamos deste futebol. Do que dá gosto.

Para a história ficou o resultado. Empate a zero que obriga à disputa de um segundo jogo para decidir quem segue em frente na competição. Porém, mais importante que isso foi o exemplo dado pelo Sheffield Wednesday, como tantos outros que vão acontecendo por terras de Sua Majestade.

No nosso país, é quase igual. Com algumas diferenças. Todas.

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