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01 JUN 2018
O DESGOSTO DE UM SPORTINGUISTA
Por Jornal Abarca

Francamente, nunca pensei que havia de ver imagens tão chocantes como as das agressões e da vandalização no balneário leonino de Alcochete. Já as temia, mas pensei que não viriam tão cedo e que os meus 90 anos me poriam a coberto deste desgosto... Desgosto, não enxovalho, como algumas figuras públicas dizem ter sentido..., sem sentido nenhum. Desgosto pela actuação de um bando de energúmenos, supostamente sportinguistas mas alguns deles desconhecidos.

O alarido histérico na comunicação social, para o qual humildemente também contribui..., dá que pensar... As claques dos outros clubes “grandes”, e não só, têm cometido crimes, até mais graves, e nunca houve este tocar a rebate... Tem havido dirigentes no Sporting, no Benfica e no Porto muito pouco recomendáveis e nunca causaram a rejeição que o feitio de Bruno de Carvalho alimenta...

No outro palco, tento perceber quem pode beneficiar com as suspeitas de crimes desportivos perpetrados por dirigentes do Sporting. Não posso acreditar nos subornos anunciados e “rapidamente” associados ao presidente do Sporting porque a suspeita não faz minimamente sentido e Bruno de Carvalho, embora muito vaidoso, não é estúpido. Talvez manobras palacianas ou ajuste de contas dentro do Sporting.

Tenho criticado repetidamente a actuação do presidente do Sporting, mas tenho que agradecer a Bruno de Carvalho ter (inconscientemente é certo...), demonstrado, ao longo destes seus anos de reinado:

1.     a cegueira causada pelo amor/paixão aos clubes de futebol;

2.     o perigo das claques organizadas;

3.     a impossibilidade da massa associativa fazer-se ouvir na gestão do clube;

4.     a falácia das eleições por votos presenciais;

5.     a força extraordinária do futebol para, através da comunicação social, distraír os portugueses dos problemas que poderiam amargurá-los e poupar os nossos governantes à ingrata tarefa de governar bem.

O desejo de ser melhor do que o adversário, de ganhar mais vezes, de poder achincalhar o adversário derrotado, é um dos motores que vem alimentando os desvarios das contratações de jogadores e treinadores. Quanto maior é o amor maior a asneira. O “roubo” de Jorge de Jesus ao Benfica, nas circunstâncias em que foi feito, foi uma asneira “colossal”, mas foi considerado um golpe de génio por quase todos os sportinguistas que agora crucifixam BC.

Em 1962, no artigo “Para um Sporting melhor” que foi publicado no Jornal do Sporting, propus a criação de uma claque organizada que incentivasse os atletas leoninos. Recebi um telefonema do Prof. Moniz Pereira: Carvalho, concordo com tudo o que escreveu menos com as claques organizadas. Não sabe em que é que se ia meter...). Depressa verifiquei que Moniz Pereira tinha razão.

Com as facilidades de comunicação que hoje existem, não há qualquer justificação para os associados dos clubes não poderem manifestar a sua opinião sobre a gestão do seu clube. Os poucos minutos que são dados aos associados, nas assembleias, para expressarem os seus sentimentos ou ideias não passam de um embuste.

Nas eleições dos clubes, como dos órgãos políticos nacionais, a maneira como são efectivados e contabilizados os votos permite interpretações abusivas, para não dizer desonestas. Por muito grande que seja a afluência às urnas, ela só traduz uma pequena parte do universo com capacidade de voto. Não faz sentido Bruno de Carvalho dizer que 86 por cento da massa associativa está com ele.

É inegável que o Futebol existe em Portugal, há muito tempo, como uma das bases da governação. Tanto em ditadura como nesta democracia, nos clubes como nos partidos. Agora pior do que no tempo da outra senhora, porque há mais jornais, mais televisões, mais redes sociais e mais hipocrisia... e o Futebol tem vantagem sobre os outros F´s porque dura mais tempo ao longo do ano.

Desde o “terrorismo de Alcochete” deixaram de ser preocupação os problemas da CGD e dos combates aos fogos, as greves dos professores e dos médicos, a situação dos hospitais, o aumento de cancros e da obesidade, como passou despercebido o Projecto de resgate das PPP Rodoviárias, da Frente Cívica de Paulo de Morais...

Enfim..., Qualquer dia há eleições

Tramagal, 20 de Maio de 2018, antes do final da Taça

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