Ramiro Neto Marques nasceu no Tramagal há 70 anos, mas foi para o Entroncamento ainda criança, aos três anos, quando o seu pai, que era contabilista, foi trabalhar para a CP na então vila ferroviária.

 

Ramiro Marques não é presidente, nem diretor, nem sequer vogal ou assessor de nada, não possui o grau académico superior de que muitos gostam de dar alarde, mesmo que não o detenham, como uma espécie de chocalho de latão brilhante antes de mencionar o seu nome, aliás nunca passou (nem poderia passar) pela universidade. Mas tem consigo a singularidade de dizer o que genuinamente pensa e desafiar sem filtros as convenções, trivialidades e o sentimento do politicamente correto. (...)

 

“Eu não gostava de ir para a escola, é essa a verdade, o que eu queria mesmo era ir pescar e ir aos pássaros”, diz. Aos nove anos pescava perfeitamente no Tejo, já tinha uma boa ‘pressão de ar’, era passarinheiro e tinha uma licença para apanhar os pássaros – estorninhos, tordos, pardais, papafigos, verdelhões, tentilhões, piscos-de-papo-amarelo e outros −, e era certeiro a apontar com a sua carabina de pressão. (...)

 

Depois de casar, Ramiro Marques ingressou na CP, onde trabalhou 20 anos, mas passaria ainda no seu percurso profissional por outras empresas, como a Indústrias Metálicas Previdente e a Moagem Moapão (em Alverca do Ribatejo). Trabalharia também durante períodos mais prolongados em unidades têxteis de Minde e junto de barragens como as de Pracana, Belver e Enxoé-Mértola, até criar a sua própria empresa, a Mirito, na Barroca, concelho de Torres Novas. (...)

 

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