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13 ABR 2020
Covid-19 - O Mundo em Suspenso
Por Jornal Abarca

O mundo parou por causa da Corona Vírus Disease 2019 (Covid-19) mas é preciso perceber porquê. Precisamos de mudar daqui para a frente se queremos fazer do planeta um lugar sustentável. Por agora, resta-nos ajudar os nossos heróis que na linha da frente fazem tudo para terminar com este tormento.

Há muitos anos – anos demais – que os ambientalistas são vistos como extremistas. Esporadicamente o país e o mundo acordam para realidades cruéis e desumanas e os outrora extremistas são normalizados: porque todos passamos a dar-lhes razão momentaneamente. Como no caso dos cães à beira da morte do elegante cavaleiro.

O mundo está em suspenso. Deixemos o diabo e o divino para outras rezas. O mundo está em suspenso por culpa própria. Não adianta romantizar uma pandemia porque ela é, por si só, devastadora. Mas a culpa é do ser humano e da sua sede gananciosa, que devasta tudo ao seu redor, até aquilo que de melhor encontra no mundo: a mãe natureza. E o que o ser humano teima em perceber desde sempre é que não é o centro do universo: é a natureza. É ela que dita, e sempre ditará, as regras. Por mais que tenhamos, geração após geração, uma ilusão contrária.

 

A Culpa Chinesa
Foi no mercado de comida de Wuhan que nasceu a Covid-19 e o modo de propagação foi o mesmo do surto que em 2002 matou quase 800 pessoas em 29 países.

O coronavírus é transmitido aos humanos por outros animais e tudo indica que a Covid-19 provenha do contacto de humanos com morcegos que muito provavelmente terá acontecido em Wuhan. No mercado de comida desta cidade os animais são mortos na hora e servidos ao cliente. Trata-se maioritariamente de animais selvagens mas os cães são também muito comercializados. Os animais são colocados dentro de pequenas gaiolas onde agudizam até serem mortos de forma selvática. Os que ficam nas gaiolas que servem de base a esta pirâmide são ensopados com todo o tipo de fluídos dos animais que estão nas gaiolas em cima: urina, fezes, sangue, pus, tudo. Assim, o vírus passa de um animal para o outro e muito facilmente acaba por infectar um humano. Neste mercado há animais de todo o mundo e todos eles transportam os vírus característicos da sua espécie para o mesmo local.

Seria de estranhar que apenas dezoito anos depois da pandemia da SARS, também transmitida por um morcego num mercado de comida, o governo chinês continue a permitir esta prática. Tudo tem uma explicação e, como sempre, o dinheiro varre tudo.

Em 1978, após morrerem de fome quase 40 milhões de chineses, o regime legalizou a privatização da agricultura. Isto fez com que pequenos agricultores começassem a caçar animais selvagens como forma de sustento. Como esta forma de matar a fome resultou, o governo chinês apoiou a iniciativa. Em 1988 o regime foi mais longe e declarou os animais selvagens como “recursos naturais da propriedade do Estado” legalizando assim uma indústria de captura, tortura e venda para consumo de carne de animais selvagens.

Esta actividade económica foi crescendo e ganhando cada vez mais destaque na economia chinesa. Ou seja, mesmo depois da pandemia de 2002, o governo chinês permitiu e alicerçou o crescimento desta indústria medieval.

Nada podemos esperar, portanto, que a China faça para erradicar de forma definitiva esta  indústria. Mas espera-se uma acção concreta do resto do mundo para que daqui a alguns anos não estejamos todos, outra vez, com a vida em suspenso por causa da ganância do ser humano.

Li Weinliang foi a primeira pessoa a denunciar publicamente o surto, a 30 de Dezembro de 2019. Quatro dias depois foi preso por “falsas declarações” e obrigado a assinar uma confissão por boatos "infundados e ilegais". A 7 de Fevereiro morreu, aparentemente, vítima da Covid-19.

A China não só criou conscientemente este vírus, ignorando o passado recente e os riscos associados, como tentou silenciar quem quis alertar o mundo. O resultado final ainda não se sabe, mas por agora temos mais de 42 mil mortes. É preciso, definitivamente, sermos humanos. O mundo tem de mudar.

Uma nota final para os verdadeiros heróis. Médicos, enfermeiros, bombeiros e tantos outros de outras áreas, todos os dias são os pilares da sociedade que não os valoriza excepto quando mais nada sobra. São eles agora a nossa esperança. Que dão tudo por nós. Em Portugal, hoje, 13% dos infectados são profissionais de saúde. Pessoas que tiveram de sair de casa para nos salvar. Nunca é demais dizê-lo: fiquem em casa.

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