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14 ABR 2021
OPINIÃO | "Primeira super Lua de 2021", por Máximo Ferreira
Por Jornal Abarca

Não há ano sem “super Luas”, sejam elas mais ou menos espetaculares, dependendo do momento em que ocorrem, da distância a que o nosso satélite natural estiver de nós e, naturalmente, da sugestão que cada pessoa assumir, previamente, do que vai ver.

Na verdade, de todas as visões de astros que poderão sugerir realidades que o não são, as mais evidentes (e, algumas, ainda enigmáticas) estão relacionadas com a Lua: parece-nos, por vezes, que a Lua é maior quando está perto do horizonte e parece-nos que umas vezes é branca e outras é mais amarela, ou mesmo avermelhada! Na verdade, a Lua está (sempre) mais perto de nós quando atinge a maior altura no céu (e não no horizonte) e as colorações são resultado de interferências da nossa atmosfera e não têm a ver com alterações na cor que a superfície lunar apresenta.

No entanto, é verdade que a distância entre a Terra e a Lua não é sempre a mesma, dado que ela (a Lua) gira em volta do nosso planeta segundo uma órbita que não é circular, o que faz com que a distância média de que frequentemente se fala seja (quase sempre) superior ou inferior ao verdadeiro valor a que, em certo momento, ela se encontra. É certo que os desenhos que utilizamos para mostrar que “a órbita lunar é elítica” (tal como a de qualquer corpo celeste que gire em volta de outro) são muito exagerados, para dar ideia da excentricidade que se pretende demonstrar. O desenho que se apresenta “sofre” desse mesmo mal – o exagero – pois o tamanho aqui apresentado é uma redução tão grande da verdadeira órbita que, em rigor, não poderia ser outra coisa que não uma … circunferência! Mas o objetivo é mostrar que a Lua vai descrevendo aquele caminho – mostrando à Terra aspetos sempre diferentes ao longo de cada mês – alcançando em determinadas ocasiões a posição de máximo afastamento da Terra (Apogeu) e, cerca de quinze dias depois, a posição em que se encontra mais perto (Perigeu).

Na maioria das vezes em que a Lua passa pelo Perigeu e pelo Apogeu, não é nem Lua Cheia nem Lua Nova. No entanto, existem ocasiões em que isso acontece e, se se tratar de uma Lua Cheia, é evidente que, estando ela mais perto, deverá parecer, na realidade, maior e o luar que nos chega (luz do Sol que a superfície lunar reflete), deverá ser um pouco mais intenso. É esta circunstância que é referida como “super Lua”!

Na noite de 26 para 27 deste mês de abril, a Lua atingirá a fase de Lua Cheia (às 03:32) mas… cerca de 12 horas antes de alcançar o Perigeu (nessa data a cerca de 357 400 quilómetros). Esta diferença está ainda dentro de um limite considerado “aceitável” (segundo uma definição estabelecida pelos astrónomos) para se lhe chamar “super Lua”. As consequências (maior tamanho e mais luar) seriam mais evidentes se a Lua Cheia ocorresse num momento mais próximo das 15:21 mas, mesmo assim, não deixará de constituir um bom desafio, se o céu dessa noite estiver limpo.

Dir-se-á que é preciso fazer um pequeno sacrifício para levantar cedo (ou deitar tarde), mas uma super Lua melhor que esta só em 2031 ou, ainda melhor, em 2034, antes que surja outra mais interessante, após o ano de 2050! Parece que valerá a pena aproveitar esta, de 2021.

A contemplação de uma Lua Cheia é sempre um encanto, não só pelo seu brilho, mas também pela forma como ilumina tudo o que se situa à nossa volta. Se a isso juntarmos o registo de algumas imagens – com uma câmara fotográfica que permita ampliação razoável – a recordação daqueles momentos poderá ser repetida ao longo de muito tempo. Melhorará as imagens se “apanhar” pormenores terrestres como partes de árvores, edifícios ou outras paisagens, detalhes que se juntarão nas evocações futuras. Para além disso, essa aventura talvez desafie a repetir – nas fases de Lua Cheia seguintes – fotografias da Lua e comparar os tamanhos das imagens para confirmar que, de facto, na super Lua, o seu diâmetro foi ligeiramente maior.

O Centro Ciência Viva de Constância acompanhará o acontecimento e fará a sua transmissão pela internet (Youtube), dado que, para a data, ainda não há garantia (segundo as regras para prevenção da COVID19) da possibilidade de abertura ao público àquela hora da noite.

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