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16 MAR 2022
OPINIÃO | "Putin, 'O Pacificador'", por Nuno Alves
Por Jornal Abarca

O reconhecimento dos territórios ucranianos separatistas de Donetsk e Lugansk pelo governo russo provoca imediatamente uma sensação de “dejá vu”. Afinal de contas, o que a Rússia está a fazer na Ucrânia é exactamente o que fez, em 2008, na Guerra contra a Geórgia. Na altura, também a Geórgia estava com um pé na NATO. Para evitar isso, Putin invadiu a Geórgia para supostamente proteger as minorias russas das regiões da Abecázia e da Ossétia do Sul contra a agressão das forças georgianas. Contudo, a intenção era totalmente outra. Putin pretendia mostrar que a Rússia não abdicaria facilmente do controlo dos países na esfera tradicional de influência russa. E para relembrar à Geórgia que a sua ousadia lhe sairia cara, a Rússia reconheceu unilateralmente a independência das duas regiões. Esta jogada geopolítica deixou a Geórgia num estado de fragilidade do qual ainda não conseguiu recuperar. Já para a Rússia, este reconhecimento permitiu criar dois “Estados-fantoche” que dependem totalmente do apoio de Moscovo. São verdadeiros territórios párias que dependem do crime e tráfico organizados para sobreviverem. A história repete-se agora na Ucrânia.

Apesar de inicialmente reticente em reconhecer a independência das regiões separatistas ucranianas, Putin percebeu que, afinal de contas, aquela era a desculpa perfeita para fazer o cerco à Ucrânia. Pelo meio, Putin apaziguou a NATO com uma suposta desmobilização militar para depois enviar tropas para Donetsk e Lugansk para garantir a paz e a protecção das populações, na iminência de uma nova ofensiva das forças ucranianas contra os separatistas. Bem, na realidade tudo isto é apenas conversa para quem quer ouvir. Esta é, na realidade, uma invasão de um país, representa a violação da soberania ucraniana pela intromissão russa num conflito interno estrangeiro e uma violação clara do direito internacional. A suposta força de manutenção de paz russa é totalmente ilegal já que apenas o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem o poder para autorizar o envio de tropas para a manutenção da paz. Assim como na Geórgia, em 2008, a Rússia repete a sua estratégia com a Ucrânia: utiliza a falta de coesão interna da Ucrânia para a invadir, dividir, enfraquecer e castigar. E, pouco a pouco, a Rússia vai engolindo a Ucrânia.

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