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20 ABR 2022
EDITORIAL | "Falsidade", por Margarida Trincão
Por Jornal Abarca

A guerra, como todo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.

Mas a guerra inflige morte.
E a morte é o desprezo do universo por nós.
Tenso por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.

(excerto de “Poemas Inconjuntos”. In Poemas de Alberto Caeiro)

 

É certo que o XXIII Governo Constitucional tomou posse. É certo que o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa deixou recados a António Costa. É certo que na ilha de São Jorge a população há semanas que sente sismos sucessivos de fraca intensidade, mas que a possibilidade de erupção vulcânica não é excluída pelos geógrafos especialistas em sismologia. É certo que a no país, os combustíveis sobem e descem para voltarem a subir sempre mais uns cêntimos. É certo que a possibilidade das prateleiras dos supermercados começarem a ficar mais vazias e que o preço do pão tem vindo a subir, com tendência para novos aumentos.

É igualmente certo que enquanto povo, com fama e proveito, de acolhedor não recebe da mesma forma os que sentem a mesma dor. Os que fogem dos países africanos, ou outros, em condições miseráveis com apoios mais do que insuficientes, apesar do incomensurável esforço de algumas organizações, são chamados de migrantes. Os alojamentos são infra-humanos e as condições de trabalho escravizantes.

Nada disto invalida ou põe em causa a forma como o país, instituições, grupos anónimos ou particulares têm recebidos os refugiados ucranianos. Há sempre dois pesos e duas medidas e a desumanidade como uns são tratados não pode ser bitola para todos. O sentido é inverso e que continuemos a, pelo menos, minimizar a dor de quem foge da iminência de um bombardeamento que lhes leve tudo o que construí, que mate e deixe morrer os seus.

Nesta edição do abarca reportamos uma história na primeira pessoa, a opinião de quem sabe de geopolítica e analisa a guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia, de quem se opõe e de quem anonimamente é a voz do dono de Putin.

Aliviamos um pouco com a paz e a tranquilidade dos vários trilhos à beira Tejo ou que “desvendam” monumentos edificados ou naturais em vários concelhos do Médio Tejo.

Mas a guerra é tema dominante. Não creio que alguém esqueça que a obsessão de poder de um “czar” do século XXI possa invadir um país soberano, destruindo-o. Destruindo a cultura de um povo, de uma nação.

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