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09 DEZ 2022
GREVE | Professores em luta contra degradação da escola pública
Por Jornal Abarca
Foto: Miguel A. Lopes/Lusa
Foto: Miguel A. Lopes/Lusa

Os professores do ensino público estão em greve por tempo indeterminado, com pré-aviso até à próxima sexta-feira, dia 16 de Dezembro. Os protestos visam denunciar o que consideram ser a degradação da escola pública, com reflexo negativo nas aprendizagens dos alunos e o tratamento dado aos professores ao longo dos anos.

Esta greve foi convocada pelo S.T.O.P. (Sindicato Todos Os Professores) que se opõe às propostas de alteração dos concursos proposta pelo Ministério da Educação, e quer obter respostas para problemas antigos da classe. Em causa estão também as condições da carreira (salários, falta de docentes, mobilidade, dificuldades na mudança de escalão, tempo de serviço congelado, etc).

 

30 anos com a casa às costas
Isabel Martins, nome fictício, dá aulas no Entroncamento, mas vive longe fazendo um percurso de praticamente 200 quilómetros diariamente: “Os professores trabalham muito, andam com a casa às costas. Sou uma mãe ausente, onde fica o tempo de qualidade com os meus filhos?”, questiona indignada. E cansada.

Porque a paralisação não se deve apenas a um motivo: “A escola pública está a degradar-se por tudo o que tem sido feito contra os professores”. Lamenta que o ensino público tenha perdido qualidade e dá como exemplo a falta de docentes para dar aulas: “As escolas não têm professores suficientes para os horários oferecidos. Algumas das pessoas que vêm suprimir horários não são professores e isso gera problemas para a parte pedagógica”.

A gota que fez transbordar o copo foi a proposta de alteração dos concursos para uma organização intermunicipal: “Somos totalmente contra esta organização intermunicipal. Há imensos municípios que são enormes. Isto traz mais encargos, naturalmente”, reclama a docente. “Sou efectiva num quadro de escola e ainda me dizem que vou ficar dependente de municípios e directores se for necessária a outra escola conforme o “perfil”. O que é o perfil?”, questiona. “A seleção de candidatos para leccionação, no perfil de competências, não é objectiva como o é a graduação profissional e pode induzir à selecção de candidatos, menos competentes, por compadrio, amizade , entre outras”, reclama. Considera que “a falta de professores é um problema decorrente de  um planeamento que não é atempado nem eficaz, criado pelo Ministério da Educação ao longo do tempo, que pretende colmatar, novamente, com a vida dos professores, com a degradação da escola pública e, mais grave ainda, com o comprometimento do futuro dos alunos que frequentam a escola pública”.

Por este caminho não tem dúvidas de que “a escola pública vai entrar num caos”. E, por isso, “esta greve visa o futuro dos nossos alunos. Não sei o que vai ser da escola público e do futuro dos nossos alunos”, desabafa.

O S.T.O.P acredita que esta é uma "forma de luta inédita", pois o movimento surgiu online e foi crescendo à medida que milhares de professores se manifestaram favoráveis a esta forma de luta. Os restantes sindicatos optaram por não se juntar a esta greve estando prevista uma manifestação para Março do próximo ano.

A docente acredita que este sindicato é uma lufada de ar fresco porque “é o único que não está relacionado com nenhum partido e representa efectivamente os professores”, frisando que “na última reunião estiveram presentes quase cinco mil professores”. Pede por isso bom senso ao Ministério da Educação pois “as reivindicações do S.T.O.P. são lógicas e justas para aquilo que se está a passar”.

Esta paralisação engloba manifestações, cordões humanos e distribuição de panfletos à porta das escolas, concretamente para os encarregados de educação. Pelas informações obtidas a adesão à greve verifica-se em todo o país, com escolas fechadas, e “as que estão abertas sentem a greve com um peso enorme”.

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