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01 ABR 2007
JOSÉ DAMAS: 20 ANOS DE CANICULTURA
Por SÓNIA PACHECO

 

Tendo representado Portugal em sete Campeonatos do Mundo, José Damas, natural de Rio de Moinhos (Abrantes), detém, na região, o maior número de títulos conquistados em provas de cães de parar.

 

José Damas prepara-se para se consagrar, pela quarta vez, campeão nacional de Santo Huberto, o que lhe permitirá disputar mais um Campeonato do Mundo na mesma modalidade. Ao seu palmarés junta três participações em Campeonatos do Mundo de Caça Prática e uma representação do Setter Clube de Portugal num campeonato da Europa.

Há 16 anos, o sócio número 1285 do Clube Português de Canicultura, registou o afixo “Canil do Rio Tejo” e foi a partir daí que começou a participar em provas de cães de parar. No entanto, “não é chegar, ver e vencer”, afirma José Manuel do Rosário Damas, natural de Rio de Moinhos (Abrantes), que tem apresentado cães em provas de Primavera e de Caça Prática, em raças continentais e britânicas, assim como, tem participado em provas de Santo Huberto.

Relativamente às primeiras, José Damas orgulha-se de ter conduzido cães que fizeram CAC (Certificado de Aptidão ao Campeonato), “a melhor recompensa que existe”.

Os títulos, obtidos não só em Portugal, mas também no estrangeiro, permitiram ainda que alguns desses cães conquistassem também o CACIT (Certificado de Aptidão ao Campeonato Internacional de Trabalho). Nestas provas, “os títulos não são nossos, são dos cães”, diz José Damas que se congratula por já ter competido ao lado dos grandes mitos da canicultura internacional. Classificações como estas permitiram que disputasse três Campeonatos do Mundo de Caça Prática realizados em Espanha, Croácia e França. Tendo sido sempre seleccionado para esta competição em raças britânicas, apresentou pointers e setters que se classificaram com muito bons e excelentes. “Os britânicos é uma disciplina bastante difícil, onde Portugal não tem tido a felicidade de fazer bons resultados”.

Quanto às provas de Santo Huberto, que se destinam a caçadores que se fazem acompanhar por cães de parar, José Damas consagrou-se campeão nacional por três vezes e conquistou uma vez o título de vice-campeão nacional. Este ano, prepara-se para “tentar” arrebatar o primeiro lugar pela quarta vez. Este título dar-lhe-á acesso ao Campeonato do Mundo de Santo Huberto o qual já disputou por quatro vezes. Tendo participado com braques, a melhor classificação que obteve foi um 6.º lugar.

Para além dos campeonatos do mundo de Caça Prática e de Santo Huberto, José Damas foi ainda representar o Setter Clube de Portugal num campeonato da Europa, especial do setter inglês, realizado na Bélgica.

Aos 50 anos, declara que já deu o seu contributo à canicultura portuguesa. “Neste momento, o meu cavalo de batalha é criar cães oriundos do meu afixo, nascidos aqui, criados e treinados por mim, com condições de poder apresentá-los em provas de trabalho”, revela José Damas que sublinha o seu gosto pela criação, fazendo questão de comprar os cães em França, onde considera que a cinotecnia é muito avançada. No entanto, a situação económica do país não permite ter muitos cães, logo há que tentar seguir o velho lema de poucos, mas bons, “apesar de estarmos sempre à espera de ter um melhor”. Já houve alturas de ter meia centena de cães, mas, neste momento, possui apenas um macho, uma fêmea e quatro cachorros de raça braque.

Em Portugal, a actividade está “muito mal como o país”. Para José Damas, para além de existir ainda muito amadorismo e mentalidade retrógrada, faltam estruturas, apoios e pessoas que queiram investir. “Se começasse agora, amanhã já não estava cá, tinha de ir fazer carreira para outro lado”.

Começou, há 25 anos, a caçar coelhos com o irmão mais velho. Mas logo sentiu que as suas preferências iam para outro tipo de caça, nomeadamente à perdiz e à codorniz. Foi assim que adquiriu os primeiros cães de parar. José Damas recorda que o primeiro cão que comprou com raça pura e registado com Livro de Origens Português (LOP) foi um braque alemão que adquiriu ao coronel Pereira de Castro, “um grande homem dos cães de parar em Portugal e a quem devo muitos ensinamentos”. Profissionalmente ligado à área comercial, confessa que acabou por se cansar do fato e da gravata e decidiu dedicar-se à canicultura. Assim, depois dos braques, vieram as raças epagneul breton e pointer. Actualmente, trabalha novamente com braques, uma vez que considera que é uma raça que se adapta com muita facilidade às características da caça em Portugal. “É um cão polivalente”. Porém, as suas preferências vão para as raças britânicas, nomeadamente pointer, mas, de acordo com as condições no nosso país, “o braque é um cão que me dá prazer ter”.

Quanto a qualidades “um bom cão é aquele que é capaz de ganhar”, mas “só é cão de competição aquele que nasce para o ser”. O equilíbrio psicológico, a estabilidade, a receptividade ao ensino, a ligação a quem o treina e ao mesmo tempo um carácter fora do vulgar para conseguir superar as dificuldades são as características que José Damas privilegia. O pior defeito é ladrar muito. “Já tive cães com paranóia”, exclama.

São “atletas de alta competição” que, de acordo com os calendários das provas, têm tempos de repouso e de trabalho. No entanto, “não podem ser vistos como máquinas, também têm sentimentos”. Para José Damas, os cães de competição têm um carácter muito forte, pois apesar de saberem que têm de obedecer a quem os treina “estão sempre a tentar esticar o cordel”. A cumplicidade é fundamental e estes animais “espertíssimos” têm de ser vistos como “grandes companheiros”.

Por outro lado, os treinos e as provas exigem muito tempo e dedicação e a família acaba por ficar para trás. “Mas compreendem e apoiam”, agradece José Damas que lamenta ainda o facto de Abrantes não saber “reconhecer os campeões que tem”, embora seja considerada “a catedral dos cães de parar”. Por isso, conclui deixando um apelo: “Era bom que o poder local se lembrasse que os cães têm dado uma grande visibilidade a esta região que é uma das poucas zonas do país onde existe uma grande paixão pelos cães de parar”.

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