Home »
01 MAI 2017
Júpiter, "estrela" da noite
Por Jornal Abarca

É verdade que podem passar alguns meses sem podermos avistar determinado planeta, às primeiras horas da noite, dado que, devido aos seus movimentos em volta do Sol e aos tempos que demoram a completar uma órbita, é possível que em certo período se encontre entre a Terra e o Sol, do outro lado do Sol, à direita do Sol ou … à sua esquerda. Evidentemente, só nesta última circunstância o poderemos avistar à noite, pois, após o fim do dia, ver-se-á a parte do céu situada “à esquerda do Sol”, tornando-se evidentes as estrelas mais brilhantes que nessa época do ano estejam acima do horizonte, bem como os planetas (e, eventualmente, a Lua) que nas suas deambulações, se projectem naquela região da esfera celeste.

Estamos quase a despedir-nos da região do céu em que, no início das noites desta época, é observável um considerável número de estrelas notáveis, em particular “Sírius” (Sírio, em português), a mais brilhante de todo o céu e, obviamente, a de maior brilho da constelação a que pertence, o Cão Maior.

No entanto, desde abril a finais de agosto, deste ano de 2017, veremos no céu nocturno da primeira metade das noites, um outro astro, ainda mais brilhante do que Sírio. Trata-se de Júpiter – o maior planeta do nosso sistema solar – cuja luz solar que reflecte dá dele a ilusão de se tratar de uma estrela. Como a sua distância ao Sol (próxima de oitocentos milhões de quilómetros) implica que se desloque muito lentamente, precisaremos de o olhar ao longo de um ou dois meses e, cuidadosamente, reparar nas estrelas sobre as quais se projecta, para percebermos que, na realidade, se desloca.

Naturalmente, se for possível ver Júpiter de muito mais perto, a visão será bem diferente da de uma “estrela”. Pelo menos – pensaremos – parecerá maior! Coisa semelhante acontece quando vemos um avião em pleno voo e que, lá ao longe, tem um tamanho aparente bem mais pequeno do que quando passa por sobre as nossas cabeças.

Júpiter já foi fotografado, de perto, por equipamentos de naves espaciais que passaram (ou orbitaram) a poucos milhões de quilómetros do “planeta gigante do sistema solar”. Foi assim que se descobriu que, também ele, possui anéis à sua volta, à semelhança do que já se sabia de Saturno e de Úrano e foi depois disso que se estabeleceu uma teoria, - já comprovada – de que também Neptuno teria uma quantidade considerável de partículas sólidas e gases congelados a constituírem um anel que o envolve na região equatorial.

Mas Júpiter deixa-se ver “de mais perto” com telescópios. Dependendo do tamanho do espelho ou lente do equipamento e, consequentemente, da quantidade de luz que pode captar, assim se pode aumentar o tamanho da imagem e, desse modo, ver quatro “pontinhos luminosos” a reflectirem luz do Sol, mas que vão girando em volta do planeta. Não se pode ver isso instantaneamente mas, se olharmos em determinado momento e voltarmos a espreitar pelo telescópio uma ou duas horas depois, será evidente que, pelo menos uma delas (a que gira mais perto do planeta e mais rapidamente, à qual foi dado o nome de Io), alterou a sua posição relativamente às outras. Se o leitor não possuir telescópio, nem tiver intenções de o adquirir, poderá aceder – todos os sábados, entre as 21:00 e as 23:00 – ao “grande telescópio” do Centro Ciência Viva de Constância, pelo qual poderá contemplar Io, Europa, Ganimedes e Calisto (as quatro melhor visíveis das mais de 60 luas que orbitam Júpiter) para além das faixas que circundam o planeta e ainda, em algumas ocasiões, a “grande mancha vermelha” zona turbulenta facilmente identificável quando se encontra a meio do “disco” e … se a nossa atmosfera estiver bem transparente. No último fim de semana de abril (deste ano), Júpiter estará no céu do princípio da noite, juntamente com a Lua (dois astros interessantes de ver por um telescópio) e no sábado 6 de maio, quem se dispuser a observar a “estrela da noite”, logo às 21:00, experimentará a rara sensação de ver apenas três luas ao lado de Júpiter (duas à esquerda e uma à direita) e, logo a seguir, Io começar a “sair” do disco do planeta para, então, ficarem duas á esquerda (Europa e Calisto) e duas à direita (Io e Ganimedes).

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
Sim
Não
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design