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01 JUL 2017
RECORDANDO O FUTURO
Por Jornal Abarca

Perante a tragédia do fogo de Pedrógão, é impossível a quem vive na região de Abrantes, não recordar os fogos que, em 2003 e 2005, reduziram a cinzas grande parte do seu território. O fogo de 2003, teve início em condições meteorológicas muito semelhantes às que ocorreram na passada Sexta-Feira. O de 2005 não, esse decorreu paulatinamente, e só tomou as proporções de catástrofe pela incrível ineficácia das chefias dos bombeiros, documentada na carta que o então presidente da Junta de Aldeia do Mato escreveu aos membros da Assembleia Municipal de Abrantes.

Reinava então no Governo da Nação o Eng. José Sócrates que, ainda antes da “época dos fogos”, escolheu, com pompa e circunstância, Abrantes para fazer a apresentação e elogio do extraordinário Plano de Ataque aos Incêndios, que os seus Serviços, não menos extraordinários, tinham elaborado em tempo record. Viu-se!

Fui directamente atingido pela calamidade, pois, além de dois ou três pinhaizitos e terras de cultivo, nos ardeu uma casa, na Pucariça, herdada pela minha mulher. Pela televisão vimos o fogo começar num pátio que a casa tinha e propagar-se ao interior, perante a criminosa indiferença dos bombeiros, vindos da região de Lisboa, que na estrada junto à casa, se recusaram a atacar o incêndio que começara a consumi-la, com a desculpa de que tinham vindo para combater um fogo florestal e não para salvar casas de habitação... Incrível? Uma das testemunhas já faleceu mas ainda há algumas vivas...

O pandemónio dessa noite de Setembro de 2005, veio confirmar o que pensava sobre os fogos “florais”. Nomeadamente:

1 – O primeiro foco de incêndio tem que ser combatido dentro dos primeiros 5 a 8 minutos da ignição. Se assim não for é grande o risco de se tornar incontrolável.

2 – A prevenção deve ser a primeira medida no combate aos fogos florestais.

3 – A deslocação de bombeiros para áreas que desconhecem, é normalmente ineficaz e até perigosa.

4 – A eficácia do combate aos incêndios por meios aéreos também tem muitos condicionantes, como não ser possível de noite ou com muito fumo baixo e poder demorar muito tempo a actuar.

5 – A solução que me parece mais aconselhável é a constituição de pequenas brigadas móveis (4 a 6 elementos) com um jeep, devidamente equipado, em cada freguesia florestal. Há 12 anos o custo do jeep equipado andava pelos 30 mil euros.

6 – Os elementos humanos, constituiriam uma brigada florestal (chamem-lhe o que qiserem) da GNR, habitando obrigatoriamente no ponto da freguesia que fosse considerado o mais apropriado para uma rápida intervenção. Durante a época considerada não perigosa, teriam como missão a vigilância e limpeza adequada do terreno e dos caminhos.

7 – O apoio, digamos logístico, aos “soldados da paz” nos grandes e demorados fogos deveria ser uma das primeiras preocupações das autoridades e ser promovido pelas forças armadas, como exercício para situações reais de guerra.

Não faz sentido transformar os bombeiros em heróis ou mártires, precisamos é que sejam, eficazes, eficientes, bons profissionais.

Tudo isto escrevi há 12 anos. Voltei a escrever, mas não tenho ilusões. Só o combate às chamas com meios sofisticados gere grandes negócios e só os grandes negócios atraem os decisores deste mal empregado País.

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