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11 NOV 2020
COVID-19: Tudo sobre a vacina que o mundo anseia
Por Jornal Abarca

2020 fica marcado na história pela pandemia da Covid-19 que já causou mais de 50 milhões de infectados e 1 milhão de mortos. A doença foi identificada a 01 de Dezembro de 2019, há praticamente um ano, mas só foi confirmado o primeiro caso oficial a 31 de Dezembro do ano transacto, na província de Wuhan, na China. O primeiro caso em Portugal foi confirmado a 02 de Março deste ano e a primeira morte a 16 do mesmo mês. Após longos meses de uma vida estranha, o mundo anseia por uma vacina que nos devolva a normalidade. Em que ponto está, afinal, o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19?

 

QUANDO HAVERÁ VACINA?

Tal como informa a página da Organização Mundial de Saúde (OMS), ainda não há vacina eficaz contra a Covid-19. Uma das grandes dúvidas da sociedade prende-se com o facto de, por norma, as vacinas requererem anos de pesquisa e testes para ficarem concluídas, mas neste caso há uma total dedicação da comunidade científica, numa corrida contra o tempo, para produzir uma vacina o mais rapidamente possível. Uma forma que está a ser utilizada para acelerar o desenvolvimento da vacina passa por combinar fases, testando as fases 1 e 2 em simutâneo.

A organização destaca que há várias vacinas em desenvolvimento mas “se uma vacina for comprovadamente segura e eficaz, deve ser aprovada pelos reguladores nacionais, fabricada de acordo com padrões exigentes e distribuída”.

Ou seja, entre a produção e a distribuição, “é necessária uma série de revisões independentes da evidência de eficácia e segurança” por um painel externo de especialistas convocado pela OMS, chamado SAGE, que “analisará os resultados dos ensaios clínicos e junto com as evidências sobre a doença, grupos de idade afectados, factores de risco para doença e outras informações, recomendarão se e como as vacinas devem ser usadas”. Depois disso, serão os serviços de saúde de cada país que aprovarão qual a vacina a usar e as respectivas formas de distribuição e aplicação, com base nas recomendações da OMS.

Apesar do anúncio da Pfizer, que no dia 09 de Novembro anunciou “90% de eficácia” na vacina que está a preparar em parceria com a BioNTech, a OMS é clara ao anunciar que não pode dar “certezas sobre quando estará uma vacina pronta” mas estima que isso possa acontecer até meados de 2021. Acredita, ainda assim, que algumas vacinas mostrem resultados antes do final do ano, como anunciou a Pfizer.

 

COM A VACINA IREMOS REGRESSAR À NORMALIDADE?

A chegada de uma vacina comprovadamente eficaz não significará um regresso imediato à normalidade, dependendo de factores como a aprovação, distribuição e, naturalmente, o grau de eficácia. A OMS explica que dificilmente “as vacinas COVID-19 serão 100% eficazes”. Até porque é uma incógnita se o efeito da vacina terá efeitos prolongados. Contudo, sublinha a OMS, “é encorajador que os dados disponíveis sugiram que a maioria das pessoas que se recupera da COVID-19 desenvolvem uma resposta imunológica que fornece pelo menos alguma protecção contra reinfecção”. Assim, o trabalho da comunidade científica é no sentido de que a vacina “possa ter o maior impacto sobre a pandemia”.

 

QUE VACINAS ESTÃO A SER PRODUZIDAS?

Neste momento estão a ser desenvolvidas 87 vacinas em ensaios pré-clínicos com investigação activa em animais, nomeadamente ratos e macacos, e outras 69 que estão a ser testadas em humanos. Destas, 38 estão na Fase 1, 14 na Fase 2, 11 na Fase 3 e apenas 6 estão a ser aplicadas de forma limitada. Nenhuma vacina está aprovada para uso generalizado e só chegará a esta fase o antídoto que mostrar ser seguro a sua administração.

 

EM QUE CONSISTEM AS VÁRIAS FASES DE TESTES?

A Fase 1 consiste em administrar a vacina num pequeno número de pessoas para testar a segurança e a dosagem, assim como para confirmar se ela estimula o sistema imunológico. A Fase 2 passa por injectar a vacina a centenas de pessoas divididas em grupos, com a presença de crianças e idosos, para testar se a vacina age de maneira diferente nesses grupos. Na Fase 3 a vacina é administrada a milhares de pessoas para ver quantas serão infectadas, enquanto há voluntários que recebem um placebo. O estudo desta fase é grande o suficiente para demonstrar evidências de efeitos colaterais raros que possam ter passado despercebidos em fases anteriores.

 

AS VACINAS ANUNCIADAS PELA PFIZER E PELA RÚSSIA SÃO EFICAZES?

A Pfizer e a BioNTech anunciaram que a sua vacina "tem 90% de eficácia", resultados obtidos após a primeira avaliação da fase 3 dos ensaios clínicos, a última antes do pedido de aprovação pelas autoridades de saúde. Contudo, estes resultados dizem respeito a um total de apenas 94 voluntários, num total de 43.538 participantes em todo o mundo. A falta de sustentabilidade dos resultados anunciados fez com que António Vaz Carneiro, director Centro de Estudos de Medicina Baseados na Evidência da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em entrevista ao Expresso, rotulasse este anúncio como “uma manobra de marketing para tentarem colocar-se na frente da corrida para a descoberta de uma vacina eficaz”.

Recorde-se que em Agosto Vladimir Putin anunciou que a Rússia tinha aprovado uma vacina contra a Covid-19, sem realizar a Fase 3 dos estudos. Já esta semana, foi anunciado um sucesso de 92% mas tendo em conta apenas as duas primeiras fases de testes. Daniel Salmon, director do Instituto de Segurança de Vacinas da Universidade Johns Hopkins considerou um movimento “muito arriscado e realmente assustador”. Também Natalie Dean, especialista em doenças infeciosas da Universidade da Flórida, não acredita que a Rússia tivesse em Agosto “dados suficientes sobre a eficácia da vacina” lembrando que “mesmo as vacinas que produziram dados promissores nas fases iniciais fracassaram em testes posteriores”.

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