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08 MAR 2021
OPINIÃO | "Olhos de Água", por Armando Fernandes
Por Jornal Abarca

Todos quantos sabem que a água é Vida sempre que o precioso líquido escasseia, temem péssimas colheitas, fome, doença e morte. Outros recordam relatos abomináveis por causa da água, relatos arrepiantes relativos à disputa por ter direito a ela povoam os anais e toda a sorte de representações culturais, científicas, técnicas e sociais a pulularem nos territórios em consequência da fortuna ou não, de a Água medrar nos locais onde vivemos.

Sendo despropositado enunciar topónimos a eito enquanto marca de água (vejam o significado) do Ribatejo e Alto Alentejo escolhi dois bem perto do ponto focal deste jornal, Olhos de Água e Água Todo Ano. O primeiro no concelho de Alcanena, o segundo no concelho de Ponte de Sôr. Olhos de água revelam a fecundidade, a segunda a felicidade de nunca faltar, de existir todo o ano, mesmo quando minga ou desaparece nas redondezas.

O refulgente paisagístico e simbólico maná à vista desarmada qual tesouro ao alcance de quem vê deu origem a uma obra literária com esse título escrita por Alves Redol na qual fala das condições de vida das gentes a viverem nas margens do Alviela. Por seu turno «água todo o ano» espelha quão orgulhosos ficaram os dali pela bênção de nunca lhes faltar a referida fonte de vida.

Milhares e milhares de referências, queixumes, lamúrias, reportórios, romances, poesias e obras de arte exprimem o desespero das mulheres e homens devido à seca. Os livros sagrados também aludem ao flagelo, não sendo livro sagrado nem de menção obrigatória como se afirma relativamente a outras obras, atrevo-me a referir A Um Deus Desconhecido de John Steinbeck. O romance em causa é um pungente relato do que acontece aos habitantes de uma terra ressequida, feita cinza, areia e pó por prolongada penúria de água. 

A chuva tem caído sem estridulência de maior, por vezes mansamente ao estilo de chuva molha tolos, outras a fazer-se sentir nos vidros das janelas, o Alqueva engordado, mais uma vez, assume-se como bolha estratégica nos activos do País, no entanto, a abundância de agora não deverá ser desbaratada em megalomanias, importa isso sim, tirarmos proveito do benefício. E o nosso estimável vizinho rio Tejo que nos últimos anos roubava ao Mondego a alcunha de Bazófias? O Tejo não pode ser postergado, não sei quantos euros estão consignados no Orçamento a fim de os aleijões sofridos nas últimas décadas sejam corrigidos, mas manda o bom senso na sua adequada conservação que não seja esquecido. Para mal basta assim!

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