É assim desde 2001. Uma vez por ano, quando começa o crepúsculo do outono, o minúsculo lugar da Barrenta, no concelho de Porto de Mós e em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), torna-se na capital da concertina do país.
Ainda longe, mil acordes soprados pelos foles das concertinas trazemme um ambiente de encanto e até de hipnose, que depois se evapora numa curva ou por detrás de algum bosquete. (...)
Nalguns recantos canta-se com muito vigor e pouca inibição desgarradas brejeiras e cantares ao desafio, que também foi para isso e por marialvismo que elas foram criadas. As concertinas são tocadas sobretudo por homens de cabelo já grisalho (ou já nem isso), mas também há rapazes na função e mulheres ainda jovens a ostentar com destreza os seus instrumentos, por vezes cantando desgarradas com outras ou com algum mancebo que entra na aventura de umas provocações mais ou menos fingidas. (...)
A romaria que levou até à Barrenta mais de 500 concertinas é também uma peregrinação ao passado, em que alguns dos temas que se ouvem a partir dos dois palcos ou pelas ruas foram populares e tiveram a sua época, mas depois devem ter entrado nalgum Índex do air play das rádios e televisões nacionais, e nunca mais se ouviram. (...)
A Barrenta tem algo de pioneiro e um certo efeito âncora na recuperação do toque de concertina em Portugal. Quando se realizou a primeira edição, em 2001, sentia-se um apagão na divulgação e no ensino do instrumento, e a pequena aldeia do PNSAC, com o seu gesto pioneiro veio sacudir uma arte que, afinal, estava apenas adormecida. (...)
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